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Poemas em inglês de John Milton – “O Paraíso Perdido” e “O Paraíso Reconquistado”

por Patanga Cordeiro

paraíso perdido john miltonThe English Poems of John Milton, Wordsworth Edition



 

Fiz a leitura no original do livro Poemas em inglês de John Milton (The English Poems of John Milton). Milton possui um toque místico na sua poesia, e certamente religioso.

Não é a toa que, ao escrever o seu épico (era comum que todos os principais poetas da sua época, e inclusive até o século XIX, escrevessem épicos para ter seu reconhecimento completo como poetas,) John Milton escreveu falar sobre temas espirituais. Suas obras mais famosas são “O Paraíso Perdido” e “O Paraíso Reconquistado”.

Em O Paraíso Perdido, uma boa parte das longas 150 páginas de poesia é dedicada a uma Gênese bíblica, descrevendo a criação do mundo até o homem, Adão e Eva. Uma parte interessante é a descrição dos arcanjos, Rafael e Gabriel, dessa criação ao próprio Adão, incluindo como os anjos caídos Uriel e Satanás e seus exércitos infernais tentaram ocupar o Paraíso, lar original de Adão, mas foram repelidos em batalha sangrenta pelos anjos ainda fiéis. Em seguida, Satanás planeja a expulsão de Adão e Eva do Paraíso, para que ele possa lá habitar, e o faz convencendo Eva a comer o fruto proibido e oferece-lo a Adão, e Adão decide compartilhar. Eles são então enviados ao mundo material, onde mais tarde ocorre o dilúvio e demais atos.

A obra Paraíso Reconquistado é bem menor, com cerca de 50 páginas, mas muito mais espiritual. Ela descreve o período de 40 dias que o Cristo passou em jejum no deserto, e as tentações que Satanás trouxe, tentando fazer com que Jesus Cristo desistisse do seu propósito espiritual e seguisse uma vida mundana de rei soberano. Satanás estava confiante, pois conseguiu fazer Adão e Eva caírem, mas é desnecessário dizer que o Cristo não se abalou por sequer um momento. Abaixo, algumas linhas traduzidas por mim:

 

Paraíso Reconquistado

 

…E se com repugna rejeitar

Riqueza e reino? E mesmo uma coroa,

Dourada brilhante, é mais uma guirlanda de espinhos,

Trazendo perigos, preocupações, deveres e noites insones

Àquele que enverga o diadema real

E o pesar dos homens sob seus ombros repousam;

Pois tal é o ofício do rei,

Sua honra, virtude, mérito e lisonja,

Por isso todo esse peso ele sustenta.

Mas aquele que reina dentro de si próprio e governa

Paixões, desejos, temores – ele é mais rei –

Tal governo é o que todo sábio e virtuoso homem alcança.

Mas guiar nações pelo caminho da verdade

Em doutrina de salvação e discernimento do erro

Conhecer, e, conhecendo, adorar Deus

É mais majestoso, atrai a alma,

Governa o homem interior, a parte mais nobre;

 

Paraíso Perdido

A Adão disse Miguel: “Aqueles que tu viste

Em triunfo e riqueza e luxo são aqueles

Vistos antes em atos e proezas incríveis

E grandes explorações, mas sem virtude;

… Com a exceção de um homem, o único filho da luz

Numa era de escuridão, contra os exemplos,

Contra a ilusão, costume e um mundo de ofensa;

Destemido da repreensão e escárnio,

Ou violência, dos seus maus hábitos

Ele os repreenderá, e diante lhes colocará

Um caminho de retidão, tanto mais seguro

E cheio de paz…