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Espiritualidade e yoga

Por Sri Chinmoy, do livro Meditação, Yoga e a Arte de Viver: a Aventura da Vida

 

Espiritualidade não é mera tolerância. Ela não é nem mesmo aceitação. É o sentimento de unicidade universal. Na nossa vida espiritual, buscamos enxergar o Divino, não apenas nos termos do nosso próprio Deus, mas como o Deus de todos. Nossa vida espiritual estabelece firme e seguramente a fundação da unidade na diversidade.

Espiritualidade não é mera hospitalidade à fé dos outros em Deus. Ela é o absoluto reconhecimento e aceitação da fé que eles têm em Deus como sua própria. É difícil, mas não impossível, pois tal foi a experiência e prática de todos os Mestres espirituais de todos os tempos.

 

Ouça a alma

A vida espiritual é a vida da alma. Devemos nos tornar conscientemente um com nossa alma. Apenas quando sentimos nossa unicidade com a alma que a verdadeira satisfação pode despertar nas nossas vidas. Nunca ficaremos verdadeiramente satisfeitos com a nossa própria satisfação exterior. Poderemos ser permanentemente felizes apenas quando satisfizermos Deus da Maneira própria de Deus. Deus é a nossa Realidade mais elevada. Quanto mais escutamos a alma dentro de nós, mais nos tornamos a Realidade altíssima dentro de nós. Apenas assim poderemos ser eternamente satisfeitos.

 

Pergunta: Há desarmonia entre os meus pais e eu porque o meu pai é ateu.

Sri Chinmoy: Qual é o problema em ser ateu? Você acredita no Amor de Deus, e ele acredita em outra coisa. Não há ninguém na Terra que não acredite em nada. Ele acreditará na comida, no corpo, numa flor, no futebol ou na ciência. Ele tem de acreditar em algo que tenha visto, ou então acreditará no nada. Diga ao seu pai, “Você é ateu, mas acredita em algo.”

Você acredita em Deus; o seu pai acredita em outra coisa. Mesmo o nada é uma realidade. A filosofia indiana diz ‘neti, neti’ – ‘nem isso e nem aquilo.’ Esse nada também vem da mente e do coração. Você poderia dizer ao seu pai que ele pode ter fé nesse nada, e ele enxergará o seu Deus no nada. Você pode dizer: “Eu digo ‘tudo’. Você tem o seu ‘nada’. Por fim, você verá que dentro do meu tudo estará o seu nada, e que dentro do seu nada está o meu tudo.”

Se quiser que eu defina a espiritualidade, eu a definiria com apenas uma palavra: satisfação. A espiritualidade é nada mais e nada menos do que satisfação.

Dentro do finito Deus manifesta a Sua Infinidade. Hoje, uma gota de luz é tudo para nós. Mas, quando subirmos alto, a própria Infinidade não bastará, pois Deus nos concedeu uma sede infinita. Estamos falando da realização suprema. Hoje o seu pai não compreende sobre o que estamos falando, mas um dia ele entenderá, pois ele mesmo realizará essa própria coisa que é a realização.

Portanto, não se preocupe com o seu pai. Apenas diga que ele deve ter fé no que ele tem e acredita. Mantendo a própria fé, os seus problemas serão solucionados. Encoraje-o a encontrar satisfação naquilo que acredita ser verdade na vida dele. Contudo, se não estiver satisfeito, poderá então dizer: “Você não está encontrando satisfação nas suas crenças, mas eu estou encontrando nas minhas, então porque diz que estou errado? Porque não experimenta o meu caminho?”

A diferença entre o coração e a mente é esta: o coração quer dar; a mente odeia perder.


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